terça-feira, 30 de setembro de 2008

E quem disse que anjos não tem asas


O mais belo relato pós passagem de nossa mãe, fôra o de nossa irmã Jurema, no qual chamamos carinhosamente de Jú, ou simplesmente mana.
Desde que a mana começou a trabalhar fora de casa, perto de seus dezoito anos, ela trabalhou em empresas de securidade social, e após algum tempo desenvolvendo atividades regulares de escritório, foi designada com secretária executiva, função na qual desempenhou até no ano passado, antes de receber uma promoção na empresa que trabalha hoje em dia.
30 de setembro alem de ser comemorado o dia da bíblia, também se comemora o dia secretária, ocasião que a mana recebia flores de colegas, superiores e clientes, todos os anos. Sua sala ficava toda colorida e aromática, e de praxe, ela recolhia todas ao final do dia e levava para casa de nossa mãe. A mãe ficava muito feliz e de imediato já começava a arruma-las para levar a Capela Dom Orione, afim de decorar o altar de Nossa Senhora. E ano após ano isso se sucedeu, até este que nossa mãe foi elevada e que a mana não está mais atuando na função de secretária.
A empresa que a mana trabalha, fica em pleno centro da cidade, em plena selva de pedra, com raríssimos exemplares de fauna ou flora, local que em geral se caracteriza pela cor cinza. Sua sala fica num dos últimos andares de um prédio razoávelmente alto, e de sua janela, podemos fitar uma bela imagem do estuário do Rio Guaíba.
A mana relata que ao chegar no trabalho ficou muito chateada, pois sabia que não teria o mesmo mimo de todos os anos, mas de súbito, adentra um rapaz em sua sala, portando um ramalhete com flores explêndidas. Ela de cara, perguntou ao entregador, se ele estava entregando a pessoa certa, e ele confirmou que sim, pois sua empresa lembrou-se dela. Lógico que deste instante em diante, a emoção tomou-a novamente, pois aconteceu o inesperado e ela poderia levar as flores até o altar da igreja.
Depois de uma manhã de emoção, ela arrumou sua mesa, deixou a janela aberta para arejar a sala, e saiu para o intervalo de almoço. Em seu retorno encontra a mesma colega que lhe presenteara dias antes com a Sagrada Família, em pleno extase e fica intrigada com a cena em voga.
Sua colega, nervosa, lhe conta que ao sair para o almoço, passou na frente da sala da mana, e olhou na direção da flor que estava lá, e quando prestou mais atenção, viu que existia algo mais, e para surpresa dela, havia um beija-flor deliciando-se no nectar daquela flor. O bichinho fartou-se e depois tentou sair, mas não conseguia, batendo nos vidros da sala ficou atordoado e dizem que foi um grande mutirão para ajudar o pobre a achar o caminho da rua, mas ele insistentemente voada sem rumo, e sucegou somente quando bateu num objeto sob a mesa, e ficou ali parado. Veio um jovem colega e pegou-o nas mãos, e o conduziu até a janela. Quando foram ver em qual objeto ele havia batido, viram que tratava-se de um bibelo portanto uma plaquinha com os dizeres de "eu te amo".
Vocês acreditam que anjos existem, e tem asas? Nós sim.

sábado, 20 de setembro de 2008

Compromissos assumidos, promessas cumpridas


Muitos são os relatos que chegam a nós, de pessoas que sonham com nossa mãe, e em todos, nossa mãe diz que esta muito bem, e em geral aparece acompanhada de pessoas que lhe foram queridas em vida.
Começaremos nosso relato de hoje, com referência a extrema religiosidade de nossa mãe, e as formas que ela usava para divulgar sua fé. Sua formação católica, lhe permitia distribuir souvenirs com dogmas católicos de todas as formas, pois ela gostava muito de presentear as pessoas queridas com rosários, crucifixos, escapulários e outros semelhantes, chegou até montar um pequeno "studio" em volta de um sofá, em nossa sala, para confeccionar todo tipo de artesanato, ao qual foram distribuidos com muito carinho a uma série de pessoas.
Um de seus presentes, foi dado a sua netinha, a Marina, que era um bonequinho da Sagrada Família com uma auréula dourada, e que a faxineira quebrou sem querer num dia de limpeza. Nossa mãe havia prometido a Marina que iria concertar o mesmo em sua oficina ou comprar um novo para ela, porem veio a falecer antes de cumprir sua promessa, coisa que chateou muito a sua netinha.
Logo após a passagem de nossa mãe para o outro plano, uma colega de nossa irmã, chegou com um embrulho nas mãos, dizendo que não sabia porque, mas que, ao olhar numa vitrine tal souvenir, fôra tomanda de grande ímpeto, e sem explicação, resolveu compra-lo para presenter a Jurema com tal, e para surpresa dela e de todos nós, qual não era o presente? Exato, um souvenir com imagens da Sagrada Família.
Escrever neste blog é legal, porque podemos ir atualizando a todos com estas coisas bonitas que nos acontecem sempre. Que Deus abençõe suas vidas. Paz e Bem

sábado, 6 de setembro de 2008

Família até por cima do muro

Nossa mãe sempre esteve presente na vida de toda comunidade, participando indiretamente com conselhos, histórias, e compartilhando experiências, vivências e também receitas preparadas com todo carinho. As famílias sempre tinham nela uma referencia de amizade e carinho, que ela compartilhava com o maior prazer, tanto as abastadas, como também as mais humildes.
Nesta história de participação irmanada com todos, há muitos anos vieram morar ao lado de nossa casa, um casal muito bacana, que trouxeram consigo, uma bela história de vida, com muitas referencias de vida religiosa, coisa que agradava muito aos sentidos de nossa mãe. Com eles vieram suas filhas primogênitas, que mais parecem gêmeas, de tão bonito que é o relacionamento delas, e logo depois, nasceu o filho temporão, que sempre foi um menino muito querido.
Estas crianças cresceram partilhando com nossa mãe muitos momentos, e o mais legal, é que muitos deles, aliás, a maioria deles deu-se por cima do muro que divide nossas casas. Através dele, foram contadas histórias infinitas, confidências, relatos das vidas de ambas as famílias, trocas de cortesias, tais como: bolos, pães e muita amizade.
O que nossa mãe mais se orgulhava na relação com esta família vizinha, é que a estima recíproca adquirida ao longo dos anos, lhe dera o status de avó, pois assim que as crianças lhe tinham, e assim que a mãe delas estimulara, pois tinha em nossa mãe, carinho tamanho, que em diversas vezes lhe citou que a adotara como sua própria mãe. E assim por anos fora chamada por cima do muro, como “vó ia”, termo que ela mesma adotara, quando fazia referências a si, perante as crianças que chegavam a ela.
Como nenhum de nós, seus filhos, chegou-se a formar-se na faculdade, ela tinha o maior orgulho da dedicação das meninas vizinhas tinham com os estudos, assim como tinha com a menina vizinha da outra casa, que se formou em veterinária. Mas estas meninas formaram-se em Direito e ela era tão entusiasta desta profissionalização, que sempre fazia referências, que elas iriam restabelecer sua dignidade abalada num processo da guarda de seus netos, gerados no segundo casamento de nosso irmão mais velho, e que lhe causará muita tristeza, tanto pelo afastamento sentenciado pelo juiz, como também pelas acusações infundadas, geradas pelos relatórios dos assistentes sociais que fizeram a análise do caso.
Este relato fora feito, devido a visita que recebemos de uma das meninas, que veio até nós com esta foto, contando o orgulho que ela tinha em ter convivido com nossa mãezinha, e os princípios morais que elas tem em relação a suas vidas e futuros, que certamente alegraram a alma de nossa mãe onde quer que ela esteja.